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Pegadas de dinossauros encontradas a 3.700 milhas de distância revelam o passado da Terra: WebCuriosos

Pegadas de dinossauros encontradas a 3.700 milhas de distância revelam o passado da Terra: ScienceAlert

Pegadas de dinossauros encontradas a 3.700 milhas de distância revelam o passado da Terra: WebCuriosos

Em janeiro de 1912geofísico alemão Alfredo Wegener propôs uma ideia que o mundo científico considerava maluca.

Depois de examinar fósseis de plantas e animais de aparência semelhante em diferentes massas de terra, ele se perguntou se talvez os continentes tivessem sido unidos antes de de alguma forma se separarem em uma nova configuração.


Seu trabalho foi totalmente desprezado e considerado “delírios delirantes”. Agora, é claro, a ideia da deriva continental é aceite como ciência estabelecida, com muitas linhas de evidência diferentes, todas apontando na direcção do supercontinente de Wegener, agora conhecido como Pangeia.


Os paleontólogos acabam de identificar outro exemplo que teria encantado o geofísico; conjuntos quase idênticos de pegadas de dinossauros foram encontrados nos Camarões, na África Central, e no Brasil, na América do Sul, separados por uma distância de mais de 6.000 quilômetros (cerca de 3.700 milhas).

Uma longa trilha de ornitópodes na Bacia de Sousa, no Brasil. (Ismar de Souza Carvalho)

Estes dois locais definem um dos últimos locais onde os dinossauros puderam cruzar livremente entre as massas de terra antes do continente de Gondwana – um fragmento da Pangeia – se separar completamente, há cerca de 120 milhões de anos.


Juntas, existem mais de 260 pegadas, estampadas na lama das margens dos rios por dinossauros ornitópodes, saurópodes e terópodes, naquela que pode ter sido a última ponte terrestre que liga a África à América do Sul.


“Determinamos que, em termos de idade, essas pegadas eram semelhantes”, diz o paleontólogo Louis Jacobs da Universidade Metodista do Sul. “Em seus contextos geológicos e de placas tectônicas, eles também eram semelhantes. Em termos de formas, são quase idênticos.”


A metamorfose da configuração continental da Terra não foi um evento único, mas um processo longo e contínuo que continua até hoje, com os continentes continuando a mova-se lentamente ao redor do globo.

Duas pegadas de terópodes da Bacia Koum, nos Camarões. (SMU)

Podemos reunir arranjos anteriores observando características como as formas e os alinhamentos das linhas costeiras, combinando cadeias de montanhas e tipos de rochas que são semelhantes em todos os continentes, e até fósseis que são semelhantes entre si, como Jacobs e a sua equipa fizeram aqui.


A partir de linhas de evidência como estas, os cientistas determinaram que a África e a América do Sul começaram a dividir-se em torno de 140 milhões de anos atrás. Fendas formaram-se na crosta e uma lacuna entre os dois pedaços de Gondwana começou a alargar-se. Nessas fendas, o magma fluía de baixo para cima, endurecendo-se numa nova crosta que formaria o fundo do Oceano Atlântico. À medida que os dois novos continentes continuaram a separar-se, os pontos em que os animais podiam mover-se entre eles tornaram-se cada vez menores.

Uma reconstrução dos movimentos passados ​​dos continentes. (Pesquisa Geológica dos EUA)

“Uma das conexões geológicas mais jovens e estreitas entre a África e a América do Sul era o cotovelo do nordeste do Brasil, aninhado no que hoje é a costa dos Camarões, ao longo do Golfo da Guiné”, Jacobs explica. “Os dois continentes eram contínuos ao longo desse trecho estreito, de modo que os animais de ambos os lados dessa ligação poderiam potencialmente mover-se através dele”.


Para encontrar esses pontos de passagem, ele e seus colegas fizeram um estudo cuidadoso da literatura publicada. Eles reconstruíram a divisão dos continentes, defendendo um ponto de conexão entre a Borborema no Brasil e Camarões. Depois, estudaram as pegadas de dinossauros em ambas as regiões, comparando-as e descobrindo que correspondiam.


Devido a esta ligação, podemos extrapolar que outros animais, talvez com patas menos pesadas, poderiam seguir caminhos semelhantes.


Isto, diz a equipa, significa que os dois locais formaram o que chamaram de corredor de dispersão de dinossauros Borborema-Camarões – um dos últimos locais onde os animais podiam mover-se entre os continentes antes de se separarem completamente.

As estrelas representam os dois locais com pegadas de dinossauros semelhantes. (SMU)

“Este estudo coloca rastros de dinossauros em um contexto para elucidar um caminho apropriado de intercâmbio biogeográfico entre o que em breve se tornaria (geologicamente) continentes separados”, escrevem os pesquisadores em seu artigo.


“Rastreamos pegadas de dinossauros desde o momento em que foram impressas na lama ao longo de rios e lagos, há mais de 120 milhões de anos, em localidades originalmente contíguas e em uma única massa de terra, mas separadas por cerca de 1.000 quilômetros. Hoje, esses locais de preservação de fósseis estão em dois continentes. separados por 6.000 quilômetros e um oceano.”

O artigo, intitulado “O Corredor de Dispersão de Dinossauros Borborema-Camarões do Cretáceo Inferior”, foi publicado no Boletim do Museu de História Natural e Ciência do Novo Méxicocomo uma homenagem ao falecido paleontólogo Martin Lockley, que era um ávido estudioso das pegadas de dinossauros. Este artigo não será disponibilizado online.

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